REENCONTRO

REENCONTRO No silêncio das alvoras, Nas corolas sonhadoras, Nas saudades vultuosas, Veio a luz dum tempo vão. Era ele, o peregrino, Feito espinho em velho hino, Que de guerras fez destino E esqueceu do próprio chão. Sob a bruma que cintila Qual memória que vacila, Seu olhar no céu destila, A lembrança do que amou. Foram léguas de fadiga, Muitos sóis, nenhuma abriga, Mas no peito a mesma antiga Paz que um dia ela lhe doou. Ela, em véus de claridade, Velou séculos de saudade, Tecelã de eternidade, Nos umbrais do firmamento. Prescindindo sua aurora, Na esperança que não chora, Viu por eras, hora a hora, O seu vulto em sofrimento. Do celeste véu descia, Com o brilho que envolvia Toda a dor que não morria Nos caminhos do querer. Ela vinha, estrela exausta, Sobre a sombra fria e falsa, Para erguer a chama alta Do que nunca quis morrer. Ele errante, alma em luto, Como o som dum canto bruto Degustava o mesmo fruto Nas campinas do pesar. Cada escolha, cada pass...