O Amor que se fez


 

O AMOR QUE SE FEZ


Nos olhos, a luta, roto a clamar,

A alma em tormento, rubor a arder;

Foi dor que se fez, arcano a calar,

Mas o amor, nas sombras, a florescer.

 

Erguia-se o muro, imenso e cruel,

Silêncio profundo, alma a implorar;

Mas o tempo, sábio, ágil e fiel,

Faz da dor, calma, e do medo, o ar.

 

A turba nega o beijo com ardor,

Dessabia do amor as suas sendas,

E ao bradar calado, anti o torpor,

O deleite abraço, rompe as fendas.

 

A flama da paixão, não mais se oculta,

E a guerra interna, os poucos, o afeto, afaga.

Anima as ondas, luze e tudo exulta,

E o fogo em ardor gentil já não se apaga.

 

No compasso, fez da luta harmonia,

E as mãos que outrora, se desdém,

Se entrelaçam em pura poesia,

Libertando a alma, alcança o além.

 

Duas flores que ramam o mesmo galho,

Dois anjos que compartem a mesma vida,

Lírios alados, ávidos de orvalho,

Querubins que se beijam, flor florida.

 

Se pairarem calar vossos amores;

Se tentarem querer o não querer,

Inda que o tempo dite a lida eterna,

As pétalas fanar em vossas flores,

Os fios de ouro em prata se verter;

Evoque, ledo, sua bênção paterna.

 

                                                                    Edson Depieri

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